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quarta-feira, 19 de março de 2014
PERÍODO INTERBÍBLICO
INTRODUÇÃOO escopo da
disciplina Novo Testamento I abrangerá o estudo panorâmico dos Evangelhos e do
livro de Atos, com enfoque nos aspectos histórico, literário e teológico. A
contextualização histórica é de fundamental importância no estudo das
Sagradas Escrituras. Tal preocupação se apresenta com freqüência nas páginas
bíblicas. Tomemos como exemplos os escritos proféticos, onde se nota
constantemente a citação dos nomes dos reis, o ano do seu reinado, o local
onde o profeta se encontrava e outros dados contextuais (Jr.1.1-3). Tais informações
situam a vida do profeta e sua mensagem em um cenário real e historicamente
conhecido. Da mesma forma, é mister que tenhamos o conhecimento do contexto
histórico que emoldura os fatos narrados nos Evangelhos e em Atos. A localização
histórica das origens cristãs evidenciam seu caráter factual, o que não é
possível demonstrar em relação a diversas religiões, cujas raízes estão
amparadas em lendas, sonhos e visões.Iniciaremos
nossa contextualização pelo chamado "Período Interbíblico", afim
de traçarmos a ligação histórica entre o Velho e o Novo Testamento. Tal
exame também possibilitará melhor compreensão dos fatores que construíram o
cenário político, social e religioso encontrado por Cristo na Palestina. Ao
lermos o Novo Testamento, deparamos com muitos problemas cujos motivos se
encontram no período interbíblico.O PERÍODO
INTERBÍBLICOEsse período
teve a duração de aproximadamente 450 anos. Normalmente se faz referência a
esse tempo como uma época em que Deus esteve em silêncio para com o seu povo.
Nenhum profeta de Deus se manifestou ou, pelo menos, nenhum deixou escritos que
tenham sido considerados canônicos.Vamos examinar
a situação da Palestina durante esse período, principalmente no que se refere
aos impérios, governos, as relações de Israel com os povos vizinhos e as
implicações religiosas e sociais destes elementos.O IMPÉRIO
PERSA - FINAL DO V.T.O Velho
Testamento termina com as palavras de Malaquias, o qual profetizou entre 450 e
425 a.C.. Nesse tempo, a Palestina estava sob o domínio do Império Persa, o
qual se estendeu até o ano 331 a.C.. Embora o rei Ciro tenha autorizado os
judeus a retornarem do exílio, o domínio Persa continuava sobre eles. De volta
à Palestina, o povo judeu passou a ter um governo local exercido pelos sumo
sacerdotes, embora não houvesse independência política. Eram comuns as
disputas pelo poder.O IMPÉRIO
GREGO - 335 a 323 a.C.Paralelamente
ao Império Persa, crescia o poder de um rei macedônico, Felipe, o qual
empreendeu diversas conquistas na Ásia menor e ilhas do mar Egeu, anexando a Grécia
ao seu domínio. Desejando expandir seu território, entrou em confronto com a Pérsia,
o que lhe custou a vida. Foi sucedido por seu filho, Alexandre Magno, que também
ficou conhecido como Alexandre, o Grande, o qual havia estudado com Aristóteles.
A mitologia grega, com seus deuses e heróis parece ter inspirado o novo
conquistador. Alexandre tinha 20 anos quando começou a governar. Seu ímpeto
imperialista lhe levou a conquistar a Síria, a Palestina (332 a.C.) e o Egito.
Notemos então que o território israelense passou do domínio persa para o domínio
grego.No Egito,
Alexandre construiu uma cidade em sua própria homenagem, dando-lhe o nome de
Alexandria, a qual se encontrava em local estratégico para o comércio entre o
Mediterrâneo, a Índia e o extremo Oriente. Essa cidade se tornou também
importante centro cultural, substituindo assim as cidades gregas. Entre suas
construções destacaram-se o farol e a biblioteca.Em 331,
Alexandre se dedicou a libertar algumas cidades gregas do domínio da Pérsia.
Seu sucesso militar foi tão grande que considerou-se capaz de enfrentar a própria
capital do império. E assim conquistou a Pérsia. Contudo, nessa batalha, que
ficou conhecida como Arbela ou Gaugamela, as tropas gregas tiveram de enfrentar
um exército de elefantes, os quais foram usados pelo rei da Pérsia. Alexandre
venceu o combate, mas os elefantes foram motivo de grande desgaste para seus
soldados. Alexandre se denominou então "Rei da Ásia" e passou a
exigir para si o culto dos seus subordinados, de conformidade com as práticas
babilônicas.Em 327 a.C., em
suas batalhas de conquista rumo ao Oriente, Alexandre encontra outro exército
de elefantes, o que fez com que seus soldados se amotinassem, recusando-se a
prosseguir. Terminaram-se assim as conquistas de Alexandre Magno. Em 323 a.C.,
foi acometido pela malária, a qual lhe encontrou com o organismo debilitado
pela bebida. Não resistiu à doença e morreu naquele mesmo ano. Não deixou
filhos, embora sua esposa, Roxane, estivesse grávida. Quanto aos judeus,
Alexandre os tratou bem e teve muitos deles em seu exército. Após a sua morte,
o Império Grego foi divido entre os seus generais, dentre os quais nos
interessam Ptolomeu, a quem coube o governo do Egito, e Seleuco, que passou a
governar a Síria.O GOVERNO
DOS PTOLOMEUSA Palestina
ficou sob o domínio do Egito. Os descendentes de Ptolomeu foram chamados
Ptolomeus. Eis os nomes que se sucederam enquanto a Palestina esteve sob o seu
governo (323 a 204 a.C.):Ptolomeu I (Sóter)
- 323 a 285 a.C.Ptolomeu II (Filadelfo)
- 285 a 246 a.C. – Durante o seu governo foi elaborada, em Alexandria, a
Septuaginta, tradução do Antigo Testamento para o grego. Filadelfo foi amável
com os judeus.Ptolomeu III (Evergetes)
– 246 a 221 a.C.Ptolomeu IV (Filópater)
- 221 a 203 a.C. - Ao voltar de uma batalha contra a Síria, Filópater visitou
Jerusalém e tentou entrar no Santo dos Santos. Contudo, foi acometido de um
pavor repentino que o fez desistir do seu propósito. Foi um grande perseguidor
dos judeus.Ptolomeu Epifânio
– 203 a 181 a.C. – Tinha 5 anos de idade quando seu pai, Filópater morreu.
Aproveitando a situação, Antíoco - o Grande, rei da Síria, toma o poder
sobre a Palestina no ano 204.O GOVERNO DOS
SELÊUCIDASOs reis da Síria,
descendentes do general Seleuco, foram chamados Selêucidas. De 204 a 166 a.C.,
a Palestina esteve sob o domínio da Síria. Eis a relação dos selêucidas do
período:Antíoco III -
O Grande – 223 a 187 a.C.Seleuco IV (Filópater)
– 187 a 175 a.C.Antíoco IV (Epifânio)
- 175 a 163 a.C. - Em Israel, o governo local era exercido por Onias, o sumo
sacerdote. Contudo, Epifânio comercializou o cargo sacerdotal, vendendo-o a Jasão
por 360 talentos. Epifânio se esforçou para impor a cultura e a religião
grega em Israel, atraindo sobre si a inimizade dos judeus. Tendo ido ao Egito,
divulgou-se o boato da morte de Epifânio, motivo pelo qual os judeus realizaram
uma grande festa. Ao tomar conhecimento do fato, o rei da Síria promoveu um
grande massacre, matando 40 mil judeus.Em 168 a.C.,
Antíoco Epifânio sacrifica uma porca sobre o altar em Jerusalém e entra no
Santo dos Santos. Ordena que o templo dos judeus seja dedicado a Zeus, o
principal deus da mitologia grega, ao mesmo tempo em que proíbe os sacrifícios
judaicos, os cultos, a circuncisão e a observância da lei mosaica.Segue-se então
um período em que não houve sumo sacerdote em atividade em Jerusalém (159 a
152 a.C.). Realiza-se então um processo de helenização radical na Palestina.Vendo todos os
seus valores nacionais sendo destruídos e profanados, os judeus reagiram contra
Epifânio.O GOVERNO DOS
MACABEUS - 167 a 37 a.C.Surge no cenário
judaico uma importante família da tribo de Levi: os Macabeus. Em 167, o macabeu
Matatias se recusa a oferecer sacrifício a Zeus. Outro homem se ofereceu para
sacrificar, mas foi morto por Matatias, o qual organiza um grupo de judeus para
oferecer resistência contra os selêucidas. Tal movimento ficou conhecido como
a Revolta dos Macabeus. A Palestina continuou sob o domínio da Síria. Contudo,
a Judéia voltou a possuir um governo local, exercido pelos Macabeus. Ainda não
se tratava de independência, mas já havia alguma autonomia. A seguir,
apresentamos os nomes dos governantes macabeus e alguns de seus atos em
destaque.Matatias (167-166 a.C.)Judas (filho de Matatias) (166-160 a.C.)
- Purifica o templo, conquista liberdade religiosa, restabelece o culto.Jônatas (filho de Matatias) (160-142 a.C.)
– Reinicia a atividade de sumo sacerdote.Simão (filho de Matatias) (142-135 a.C.)
- Reforça o exército e consegue isenção de impostos. Nesse momento a Síria
se encontrava fraca, e a Judéia se torna independente. A independência durou
entre 142 e 63 a.C.. Simão foi sumo sacerdote e rei da Judéia. Pediu apoio de
Roma contra a Síria.João Hircano (filho de Simão) (135-104 a.C.)
– Tinha tendência imperialista. Conquistou a Iduméia e Samaria. Destruiu o
templo samaritano e sofreu oposição dos "hassidim", seita dos
"santos".Aristóbulo I – (104-103 a.C.) – prendeu a mãe
e matou o irmão.Alexandre Janeu (103-76 a.C.) - conquistou costas
da Palestina – O território de Israel chegou a ter extensão semelhante à
que tinha nos dias do rei Davi. Janeu sofreu a oposição dos fariseus.Alexandra Salomé (esposa de Alexandre) (76-67 a.C.)
– foi uma governante pacífica.Aristóbulo II - (67-63 a.C.) briga pelo poder
com seu irmão, Hircano II.Em 63 a.C.,
Aristóbulo provoca Roma. Pompeu invade Jerusalém, deporta Aristóbulo e coloca
Hircano II no poder.Hircano II (63-40 a.C.)Em Roma, o
governo é exercido por Pompeu, Crasso e Júlio César, formando o primeiro
Triunvirato. O três brigam entre si pelo poder. Júlio César vence e torna-se
Imperador Romano. Em seguida, nomeia Antípatro, idumeu, como procurador sob as
ordens de Hircano. Faselo e Herodes, filhos de Antípatro, são nomeados
governadores da Judéia e Galiléia.Um ano depois,
Antípatro morre envenenado. Passados 3 anos, o Imperador Júlio César morre
assassinado. Institui-se um novo triunvirato, formado por Otávio, sobrinho de César,
Marco Antônio e Lépido. Marco Antônio e Herodes eram amigos.Herodes casa-se
então com Mariana, neta de Hircano, vinculando-se assim à família dos
macabeus.Na tentativa de
tomar o poder, Antígono, filho de Aristóbulo II, corta as orelhas de Hircano
II, impossibilitando-o de continuar a exercer o sumo sacerdócio.Antígono (40-37 a.C.) - Uma de suas ações
foi perseguir Herodes, o qual dirigiu-se a Roma, denunciou a desordem e foi
nomeado rei da Judéia (37 d.C.). Antígono foi morto pelos romanos.Termina assim,
a saga dos macabeus, cujo princípio foi brilhante nas lutas contra a Síria.
Entretanto, foram muitas as disputas pelo poder dentro da própria família.
Perderam então a grande oportunidade que os judeus tiveram de se tornarem uma
nação livre e forte. Acabaram caindo sob o jugo de Roma.O IMPÉRIO
ROMANOSendo nomeado
por Roma como rei da Judéia, Herodes passou a governar um grande território.
Contudo, sua insegurança e medo de perder o poder o levaram a matar Aristóbulo,
irmão de Mariana, por afogamento. Depois, matou a própria esposa e estrangulou
os filhos.A violência de
Herodes provocou a revolta dos judeus. Para apaziguá-los, o rei iniciou uma série
de obras públicas, entre as quais a construção (reforma) do templo, que
passou a ser conhecido como Templo de Herodes.O domínio
direto do Império Romano sobre a Palestina iniciou-se no ano 37 a.C.,
estendendo-se por todo o período do Novo Testamento.Quadro histórico
social do Novo TestamentoPolítica 37
a.C. a 70 d.C.Esquema
parcial da hierarquia no Império RomanoO esquema acima
apresenta alguns elementos da hierarquia do Império. Nosso objetivo é
visualizar principalmente os modelos administrativos estabelecidos sobre os
povos conquistados.No tempo do
nascimento de Cristo, o Imperador era Augusto, o qual instituiu o culto a si
mesmo por parte dos seus súditos.Em algumas regiões
havia a figura do rei. Naquele mesmo período o rei da Palestina era Herodes.
Esta região teve sua divisão política alterada diversas vezes, sendo até
governada por mais de um rei em determinados momentos. Além do rei, havia em
algumas épocas e lugares a figura do procurador, ou governador. Quando Jesus
nasceu, o procurador se chamava Copônio. Na seqüência aparecem os publicanos,
os quais não possuíam poder administrativo mas tinham a função de coletar
impostos. Eram necessariamente nativos da província. Seu conhecimento da terra,
do povo, dos costumes e da língua tornava-os mais eficientes na coletoria do
que poderia ter sido um cidadão romano que fosse enviado para esse fim. Os
publicanos eram considerados por seus compatriotas como traidores, já que
cobravam impostos dos seus irmãos para entregar ao dominador inimigo. A palavra
publicano se tornou sinônimo de pecador.Sob esse domínio
se encontrava a província. Assim era chamada qualquer região conquistada pelos
romanos fora da Itália. As províncias que se encontravam dentro desse modelo
eram administradas mais diretamente pelo Imperador. Tratava-se de regiões ainda
não pacificadas, recém conquistadas, cuja população ainda não se acomodara
sob o jugo de Roma. Nessas terras havia a presença constante das tropas
romanas, as quais se dividiam principalmente em legiões (com 6000 homens),
coortes (com 1000 homens) e centúrias (com 100 homens).Na província
da Judéia havia uma instituição local chamada Sinédrio, o qual era formado
por 71 membros e presidido pelo sumo sacerdote. O Sinédrio era o supremo
tribunal local e tinha poderes para julgar questões civis e religiosas, uma vez
que as duas coisas eram tratadas pela mesma lei. Tais autoridades tinham até
mesmo a prerrogativa de aplicar a pena de morte contra crimes cometidos na
comunidade local. A polícia recebia ordens do Sinédrio.Essa estrutura
pode ser claramente observada nas páginas dos evangelhos, principalmente nos
relatos que tratam da prisão, julgamento e crucificação de Cristo, o qual foi
preso pela polícia do Sinédrio, e levado diante desse tribunal local. Os
integrantes do Sinédrio, embora tivessem poder para matá-lo, parecem ter
vacilado diante de tamanha responsabilidade. Levaram-no diante do Procurador da
Judéia, Pilatos, o qual encaminhou-o para a presença de Herodes, o rei da
Galiléia. Ninguém queria assumir a responsabilidade pela crucificação.
Contudo, Cristo é devolvido a Pilatos, que considerou o lavar da mãos como ato
suficiente para isentá-lo da culpa de matar o Filho de Deus. (Mt.26.44,57,59;
27.2; Lc.23.7) Vemos aí a hierarquia governamental em evidência. O imperador
também foi lembrado naquelas circunstâncias, mas apenas para um menção rápida
em João 19.12 para pressionar o Procurador.Havia ainda
outro tipo de província. Eram aquelas conquistadas há mais tempo e já
pacificadas. Os habitantes desses lugares tinham cidadania romana. Era o caso do
apóstolo Paulo, que nasceu em Tarso, e tinha o direito de ser considerado cidadão
romano. Tal prerrogativa proporcionava diversos direitos, principalmente
tratamento respeitoso e especial nas questões jurídicas. Um cidadão romano não
podia, por exemplo, ser açoitado. Paulo foi submetido a açoites, mas seus
algozes ficaram atemorizados quando souberam que tinham espancado um cidadão
romano (Atos 16.37-38). Com base no mesmo direito, Paulo apelou para César
quando quis se defender das acusações que lhe eram feitas (Atos 25.10-12).CULTURA E
INFRA-ESTRUTURANos dias de
Cristo, embora o império fosse romano, a cultura predominante continuava sendo
grega. O extinto império de Alexandre Magno deixou um grande legado: o
helenismo, que significa a influência cultural grega entre os povos
conquistados. Helenismo é derivado de Helas, outro nome da Grécia. Helenização
é o processo de propagação dessa cultura. Devido a essa difusão, a língua
grega se tornou de uso comum. Daí vem a expressão "grego koiné" (=
comum). As cidades gregas eram bem estruturadas. Contavam com teatros, banhos públicos,
ginásios, foros, amplas praças, hipódromos e academias. Assim, por onde quer
que o helenismo se expandisse iam surgindo cidades desse tipo. Algumas cidades
antigas se adaptavam e chegavam até a mudar de nome, adotando nomes gregos.É por causa
desse contexto que o Novo Testamento foi escrito em grego, com exceção do
evangelho de Mateus.Além dos
elementos helênicos, o cenário contava com estradas calçadas construídas
pelos romanos. Elas facilitavam a circulação das milícias entre as províncias
e a capital. Por essas vias transitavam também mensageiros, comerciantes e
viajantes em geral. Outro destaque da engenharia romana eram os aquedutos:
canais para levar água das montanhas para as cidades.ATIVIDADES ECONÔMICASCom toda a
importância das cidades, as construções eram constantes. Além das casas,
estradas e aquedutos, as muralhas também faziam parte dos projetos. Em Jerusalém
havia uma grande obra em andamento nos dias de Jesus: o templo de Herodes, cuja
construção ocorreu do ano 20 a.C. até 64 d.C..Outras
atividades importantes eram: transporte, agricultura, comércio, pesca,
metalurgia, cerâmica, perfumaria, couro, tecidos e armas. Em Israel, a pecuária,
além de atividade econômica, possuía status religioso por causa dos sacrifícios.POPULAÇÃO E
RELIGIÃOA DIÁSPORANos dias do
Novo Testamento, a população judaica encontrava-se dispersa por vários
lugares. Além da própria Palestina, havia inúmeros judeus em Roma, Egito, Ásia
Menor, etc. (Atos 2.9-11; Tiago 1.1; I Pedro 1.1). Tal dispersão, que recebe o
nome de Diáspora, tem razões diversas, começando pelos exílios para a
Assíria e Babilônia, e se completando por interesses comerciais dos judeus, e
até mesmo em função das dificuldades que se verificavam em sua terra natal.
Esse quadro se apresenta como cumprimento claro dos avisos divinos acerca da
dispersão que viria como conseqüência do pecado de Israel (Dt.28.64).Assim, o judaísmo
acabou se dividindo em função da distribuição geográfica. Havia o judaísmo
de Jerusalém, mais ligado à ortodoxia, e o judaísmo da Diáspora, ou seja,
praticado pelos judeus residentes fora da Palestina. Estes últimos
encontravam-se distantes de suas origens. Se até na Palestina, os costumes
gregos se impunham, muito mais isso ocorria na vida dos judeus em outras regiões.
Estavam profundamente helenizados, embora não tivessem abandonado o judaísmo.
Isto fez com que eles se preocupassem com o futuro de suas tradições e sua
religião. Tomaram então providências para que o judaísmo não sucumbisse
diante do helenismo. Uma delas foi a tradução do Velho Testamento do hebraico
para o grego, chamada Septuaginta. Já que este idioma estava se tornando
universal, havia o risco de que, no futuro, as escrituras não pudessem mais ser
lidas, devido à possível extinção do hebraico. Outras obras literárias
foram produzidas, incluindo narrativas históricas, propaganda e apologia
judaica, tudo escrito em grego e com influências gregas. Destacaram-se nessa época
os escritores: Fílon de Alexandria e Flávio Josefo. Tais escritos não foram
aceitos pela comunidade de Jerusalém. Até a tradução bíblica foi rejeitada,
uma vez que, para eles, toda escritura sagrada devia ser produzida
necessariamente em hebraico. Essa obra no idioma grego foi vista pelos ortodoxos
como uma descaracterização do judaísmo.Para muitos
judeus conservadores, o judaísmo era propriedade nacional e não devia ser
propagado entre outros povos. Já os judeus da Diáspora se dedicaram a
conquistar gentios para a religião judaica. Tal fenômeno recebe o nome de
proselitismo. Os novos convertidos eram chamados prosélitos (Mateus 23.15 Atos
2.9-11; 6.5; 13.43). Essa prática difusora da religião também foi adotada por
judeus de Jerusalém, mas em escala bem menor.Os judeus da diáspora
cresciam em número e em poder econômico. Isso se tornou incômodo para muitos
cidadãos dos lugares onde residiam. A guarda do sábado e a recusa em
participar do culto ao Imperador tornaram-se também elementos que atraíram a perseguição.
Tendo, muitos deles, fugido da opressão na Palestina, encontraram problemas
semelhantes em outras terras.AS
SINAGOGAS, OS RABIS E OS ESCRITOS RELIGIOSOSO surgimento
das sinagogas é normalmente atribuído ao período do exílio babilônico,
quando os judeus deixaram de ter um templo para adorar e sacrificar. O fato
indiscutível é que nos dias do Novo Testamento, tais locais de oração,
ensino e administração civil eram muito valorizados. Em qualquer localidade
onde houvesse 10 judeus, podia ser aberta uma sinagoga. Em cidades grandes
poderia haver várias, como era o caso de Jerusalém. A liderança da sinagora
era exercida pelo rabi (mestre), o qual era eleito pelos membros daquela
comunidade. Essa autonomia de eleição do rabi favoreceu o surgimento de muitos
mestres com idéias religiosas distintas. Todos estudavam a lei e elaboravam
seus ensinamentos com interpretações e comentários acerca da Torá.Assim surgiram
as midrashs e as mishnas. Midrash era o comentário da lei. A primeira surgiu no
ano 4 a.C.. As mishnas eram os ensinamentos rabínicos. A primeira surgiu em 5
a.C.. Tudo isso compunha a tradição, que passou a ser mais utilizada do que a
própria lei. A interpretação da lei era tão desenvolvida que chegava ao
extremo de contradizer o código original (Mt.15.1-6). Assim, os escribas e
fariseus, doutores da lei, ocupavam o lugar de Moisés (Mt.23.2). Devido a essa
posição dos rabis (mestres), Jesus orientou seus discípulos a não utilizarem
esse mesmo título (Mt.23.8).JUDAÍSMO
DIVIDIDONos dias de
Cristo, a religião judaica encontrava-se dividida em seitas: fariseus,
saduceus, essênios, e outras. Cada facção se considerava o remanescente fiel
a Deus e via os demais como relaxados. Entre os fatores que contribuíram para
essa divisão, podemos citar:- Diáspora –
A dispersão geográfica dificultou a manutenção de uma religiosidade
padronizada.- Sinagogas –
Significaram a descentralização da orientação religiosa. Muitos rabis
representaram muitas linhas de pensamento e prática divergentes.- Linhagem - As
misturas étnicas ocorridas no norte de Israel contribuíram para a discriminação
religiosa contra os samaritanos.- Interpretação
– Diferentes interpretações da lei conduziam a diferentes crenças.- Tradição
– Esta era o resultado de muitos elementos: interpretação, comentário da
lei, influências estrangeiras (gregas, romanas e babilônicas).- Política –
Alguns judeus apoiavam Herodes e os romanos. Outros eram radicalmente contra
tais dominadores.- Helenismo –
Os judeus se dividiam também quanto ao apoio ou combate à cultura grega que se
expandia em todo o mundo. Tais costumes eram vistos como os que hoje chamamos de
"mundanismo". Muitos judeus se deixavam levar, admirados com o
pensamento grego e o sucesso de sua cultura.DINASTIA
HERODIANA (parcial)As setas
indicam filiação. O posicionamento dos quadros inferiores demonstra a sucessão
no governo da Palestina.Apresentamos
apenas parcialmente a dinastia herodiana porque nos limitamos aos nomes mais próximos
aos fatos do Novo Testamento. Nosso maior interesse é apresentar a sucessão
política na Palestina, principalmente na Judéia. Herodes Magno, também
conhecido com Herodes, o Grande, governava a Judéia quando Jesus nasceu.
Herodes teve 10 mulheres e 15 filhos, ou mais. Citamos 7 deles: Antípatro II,
Aristóbulo I, Alexandre, Filipe I, Filipe II, Arquelau e Antipas II. Herodes
matou seus filhos Alexandre, Aristóbulo I e Antípatro II. Deserdou Filipe I,
que era casado com Herodias, a qual veio a adulterar com Antipas II (Mc.6.17).
Após a morte de Herodes Magno, seu reino foi dividido entre três de seus
filhos: Arquelau recebeu a Judéia, Samaria e Iduméia. Antipas II passou a
governar a Galiléia e a Peréia. Filipe II recebeu os territórios do nordeste:
Ituréia, Tracomites, Gaulanites, Auranites e Batanéia.Arquelau foi
deposto pelos Romanos no ano 6 d.C.. A Judéia passou então a ser governada por
procuradores romanos. Um desses procuradores foi Pôncio Pilatos (de 26 a 36
d.C.). Antipas II governou a Galiléia durante todo o ministério de Cristo. Foi
ele quem mandou degolar João Batista. À sua presença Jesus foi encaminhado
por Pilatos, já que este era procurador sobre a Judéia e foi-lhe dito que
Cristo era galileu, sendo portanto da jurisdição de Antipas.Agripa I, filho
de Aristóbulo e, portanto, neto de Herodes Magno, foi o sucessor de Filipe II.
Aos poucos foi herdando também os territórios dos outros tios. Recebeu de
volta dos romanos a administração da Judéia e Samaria, tornando-se então rei
de quase toda a Palestina. Foi ele quem mandou matar o apóstolo Tiago e morreu
comido por vermes (At.12). Seu filho, Agripa II, foi seu sucessor. Seu território
foi então ampliado por determinação do Imperador Cláudio e ainda mais por
Nero. Foi perante Agripa II que Paulo se apresentou (At.25.23). Com a destruição
de Jerusalém no ano 70, Agripa II mudou-se para Roma e lá esteve até o ano de
sua morte (100 d.C.). Os membros da dinastia herodiana são muitas vezes
mencionados no Novo Testamento. Todos eles possuíam o título de Herodes. Por
esta razão, muitas vezes pode-se imaginar que as diversas passagens se referem
à mesma pessoa, o que não é verdade. Pela observação dos quadros
anteriores, pode-se identificar cada "Herodes" nas passagens bíblicas
em que são citados.IMPERADORES
ROMANOS NO PERÍODO DO NOVO TESTAMENTOCésar Augusto
Otaviano - ano 27 a.C. a 14 d.C. - Nascimento de Jesus - Início do culto ao
Imperador. (Lc.2.1)Tibério Júlio César Augusto - 14 a 27 -
Ministério e Morte de Jesus. (Lc.3.1).Gaio Júlio César
Germânico Calígula - 37 a 41 - Quis sua estátua no templo em Jerusalém.
Morreu antes que sua ordem fosse cumprida.Tibério Cláudio
César Augusto Germânico - 41 a 54 - Expulsou os judeus de Roma. (At.18.2).Nero Cláudio César Augusto Germânico
- 54 a 68 - Começa perseguição de Roma contra os cristãos. Paulo e Pedro
morrem (At. 25.10; 28.19).Sérvio Galba
César Augusto 68 - Cerco a Jerusalém.Marcos Oto
César Augusto - 69 – mantém o cerco a Jerusalém.Aulus Vitélio
Germânico Augusto - 69 - mantém o cerco a Jerusalém.César Vespasiano
Augusto - 69 a 79 – Tinha sido general de Nero. Coloca seu filho Tito como
general. No ano 70, determina a destruição de Jerusalém.Tito César Vespasiano Augusto - 79-81.César Domiciano
Augusto Germânico - 81 a 96 - Exigia ser chamado Senhor e Deus. Grande perseguição.
O apóstolo João ainda vivia durante o governo de Domiciano.
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