José do Egito, o primeiro psicanalista
A publicação de “A interpretação dos sonhos” foi um dos momentos
fundantes da Psicanálise. Ela é o resultado da autoanálise de Freud e da
elaboração do luto pela morte do pai. Reencontro neste livro o meu
personagem predileto do Genesis bíblicos, José do Egito, o primeiro
interpretador de sonhos da cultura ocidental.
A (hi)estória do mesmo bem que poderia ser pensada como um paradigma de algumas características do processo e da individualidade de um psicanalista.
Antes de ser chamado para interpretar os sonhos do Faraó, ele demonstrou potencialidades para a função, o mesmo ocorreu depois do fato.
Vejamos algumas dados da biografia José que coincidem com as de um bom psicanalista. Um psicanalista precisa sobrevier aos ataques dos demais, mesmo quando estes vêm dos irmãos das neurociências, da psicologia cognitiva e comportamental (…). Também dos ataques que surgem no cenário criado durante um processo de análise, nele, muitas vezes, o analista além do ataques de irmãos, precisa sobreviver aos dirigidos ao pai, filho, irmão, amante, patrão (…), todos papéis que ele desempenha no cenário transferencial.
O trabalho é árduo, abstinente; quase escravo em culturas, muitas vezes, diferentes da sua. Os psicanalistas não podem cair na cantada fácil de prazeres com conotação incestuosa, mesmo que sofram retaliações. Precisam estar preparados para dar notícias/interpretações boas (libertadoras) e difíceis (sobre a morte). José foi lembrado, não porque fez boas previsões, e sim porque fez interpretações corretas.
Os psicanalistas precisam estar preparados para anunciar a fartura (esperança/vida/criatividade), mas também a prolongada penúria (seca/esterilidade). Precisam planejar e governar – mesmo que esta seja uma missão impossível, segundo Freud. Precisam perdoar, sem serem pusilânimes. Precisam acolher os perseguidores, porque água/comida não se nega nem para inimigo e muito menos para irmãos, que como escreveu Pitigrilli, são mais que inimigos.
Precisam prepará-los para serem pais dos pais, quando estes precisarem. José fez/foi tudo isso. Foi um precursor dos interpretadores de sonhos, pretensiosos analistas, que mesmo sabendo das dificuldades, não desistem de exercerem esta função impossível.
A (hi)estória do mesmo bem que poderia ser pensada como um paradigma de algumas características do processo e da individualidade de um psicanalista.
Antes de ser chamado para interpretar os sonhos do Faraó, ele demonstrou potencialidades para a função, o mesmo ocorreu depois do fato.
Vejamos algumas dados da biografia José que coincidem com as de um bom psicanalista. Um psicanalista precisa sobrevier aos ataques dos demais, mesmo quando estes vêm dos irmãos das neurociências, da psicologia cognitiva e comportamental (…). Também dos ataques que surgem no cenário criado durante um processo de análise, nele, muitas vezes, o analista além do ataques de irmãos, precisa sobreviver aos dirigidos ao pai, filho, irmão, amante, patrão (…), todos papéis que ele desempenha no cenário transferencial.
O trabalho é árduo, abstinente; quase escravo em culturas, muitas vezes, diferentes da sua. Os psicanalistas não podem cair na cantada fácil de prazeres com conotação incestuosa, mesmo que sofram retaliações. Precisam estar preparados para dar notícias/interpretações boas (libertadoras) e difíceis (sobre a morte). José foi lembrado, não porque fez boas previsões, e sim porque fez interpretações corretas.
Os psicanalistas precisam estar preparados para anunciar a fartura (esperança/vida/criatividade), mas também a prolongada penúria (seca/esterilidade). Precisam planejar e governar – mesmo que esta seja uma missão impossível, segundo Freud. Precisam perdoar, sem serem pusilânimes. Precisam acolher os perseguidores, porque água/comida não se nega nem para inimigo e muito menos para irmãos, que como escreveu Pitigrilli, são mais que inimigos.
Precisam prepará-los para serem pais dos pais, quando estes precisarem. José fez/foi tudo isso. Foi um precursor dos interpretadores de sonhos, pretensiosos analistas, que mesmo sabendo das dificuldades, não desistem de exercerem esta função impossível.
Publicado em Psicanálise e psiquiatria
http://hemersonmendes.wordpress.com/
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