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terça-feira, 19 de novembro de 2013

PSICONEUROIMUNIDADE- EMOÇÃO E IMUNIDADE 1

Psiconeuroimunologia - Emoção e Imunidade 1

 

Influências bilaterais entre o psiquismo e a imunidade. Aqui abordamos a fisiologia disso, comentamos sobre Herpes e outras doenças agravadas pela emoção.
| Psicossomática |

Relacionar a Imunologia com a Psiquiatria tem sido fácil, atraente e extremamente didático. Há uma variedade de evidências para o relacionamento recíproco entre Sistema Psicoemocional e vários componentes do Sistema Imunológico


3- Os constatados efeitos dos neurotransmissores e neuropeptídeos na imunidade;
Pessoas deprimidas estão mais sujeitas à infecções das mais variadas naturezas: herpes, enterocolites, erisipelas, infecções urinárias, ginecológicas e assim por diante. Relacionar a Imunologia com a Psiquiatria tem sido fácil, atraente e extremamente didático. Parece, simbolicamente, que o termo "Depressão" não se restringe ao psíquico e, holisticamente, envolve todo o organismo através da "depressão imunológica".
Há uma variedade de evidências para o relacionamento recíproco entre Sistema Psicoemocional e vários componentes do Sistema Imunológico, justificando o agravamento e/ou desencadeamento de uma série de doenças físicas por razões emocionais.
A reciprocidade entre o Sistema Nervoso Central e o Sistema Imunológico estimula o desenvolvimento de uma nova e interessante área médica; a Psiconeuroimunologia.
Os tópicos de estudo da Psiconeuroimunologia seriam as perturbações de um sistema que se refletem no outro e vice-versa. E, de fato, faz muito sentido que estes dois sistemas sejam fortemente integrados, pois ambos são responsáveis pelo relacionamento do organismo com o mundo externo, ambos avaliam se os elementos da realidade externa à pessoa são inócuos ou perigosos, ambos servem à defesa e adaptação, ambos possuem memória e aprendem pela experiência, ambos contribuem para o equilíbrio do ser no mundo e consigo próprio.
Como reforço a esta analogia, podemos citar ainda que os erros nesses dois sistemas podem produzir doenças; por um lado, as doenças imunológicas, auto-imunes, alergias e a vulnerabilidade a toda sorte de infecções e, por outro lado, as fobias, pânico, transtornos adaptativos e por estresse.
Desde 1984 Blalock se referia ao Sistema Imunológico como uma espécie de "sexto sentido" orgânico, remetendo informações do ambiente e acessíveis aos cinco sentidos ao cérebro. Para ele, as evidência da interação entre Sistema Imunológico e elementos do Sistema Nervoso Central (SNC) incluem:
1- As alterações psicológicas que ocorrem no início e no curso das doenças infecciosas e cancerígenas, bem como nas alergias e doenças autoimunes;

2- As evidentes influências dos hormônios do estresse (cortisol e adrenalina) na imunidade;

4- Os muitos efeitos experimentais do estresse na imunidade dos animais e dos humanos;

5- Os efeitos de drogas psicoativas sobre a imunidade;

6- A correlação das diferenças psicológicas individuais com as diferenças na imunidade individual;

7- A ocorrência de anormalidades imunológicas em doenças psicoemocionais, como por exemplo na depressão, no estresse e na esquizofrenia.
A sabedoria antiga já tinha sólido conhecimento da integração corpo-mente. Aristóteles disse que a "psique (alma) e corpo reagem complementariamente uma com outro, em meu entender. Uma mudança no estado da psique produz uma mudança na estrutura de corpo, e à inversa, uma mudança na estrutura de corpo produz uma mudança na estrutura da psique".

Herpes Simples

No final da década de 1950, experimentos com animais mostraram que o estresse poderia afetar a imunidade (tanto em sua parte humoral, quanto celular). Rasmussem, Marsh e Bril constataram que os ratos, expostos à importante estresse, foram mais susceptíveis em contrair infecção pelo vírus do Herpes Simples. Um pouco mais tarde, Solomom, Levine, e Kraft demonstraram que nos primeiros anos de vida da criança o estresse poderia afetar a futura resposta dos anticorpos na vida adulta.
Existem dois tipos de herpes, o Herpes Simples, mais comum, que reaparece de vez em quando e o Herpes Zoster, que só ataca uma única vez e imuniza a pessoa para o resto da vida. O Herpes Simples é contagioso e geralmente aparece no contorno dos lábios, ao lado da boca, nos órgãos genitais, nádegas e até dentro dos olhos (casos mais raros), podendo levar à cegueira.
O Herpes Simples Genital é uma infecção viral, contagiosa, causada pelo vírus Herpes Simplex II (HS-II) que afeta principalmente os órgãos genitais de homens e mulheres. Esse vírus é também responsável por várias viroses, como a varicela ou catapora, a mononucleose e o herpes oral ou labial.
Apesar do vírus Herpes Simplex afetar preferencialmente os genitais, a doença é mais freqüentemente observado em mulheres. Nestas, a doença pode acometer a vulva (os lábios ao redor da vagina), o orifício vaginal, o colo uterino e o ânus. Entretanto, provavelmente o herpes genital não afeta o útero, as trompas e nem os ovários, portanto, não causa infertilidade.
Nos homens, as lesões do herpes genital podem ser encontradas no pênis e bolsa escrotal. O Herpes Simples também pode acometer outras áreas da pele, tais como as nádegas, pernas ou dedos das mãos.

Sintomas

Quando labial, a pele aonde irá aparecer a lesão começa a ficar mais sensível e a coçar alguns dias antes da lesão aparecer. Inicia-se um pequeno inchaço, formando-se pequeninas bolhas, que geralmente são bastante dolorosas. Quando estas bolhinhas se rompem, surge uma ferida com secreção clara.
É nesta fase que o vírus pode ser facilmente transmitido. Os sintomas são mais graves nas primeiras infecções, onde o processo de cicatrização pode levar até 4 semanas, mas normalmente após alguns dias a ferida começa a secar e finalmente inicia-se o processo de cicatrização.
O primeiro episódio de Herpes Genital costuma provocar dor na região afetada. Aparecem também grupos de pequenas bolhas (vesículas) na área genital. Estas vesículas provocam coceira e se tornam dolorosas. A seguir, essas pequenas vesículas se transformam em bolhas maiores e se rompem, deixando no seu lugar áreas ulceradas e dolorosas. Devido a essas lesões pode haver aumento dos gânglios na virilha (íngua) e, algumas vezes, febre. Estes sintomas podem durar de 10 a 14 dias. O Herpes Genital intra-vaginal ou no colo uterino pode provocar corrimento e algum sangramento, mas não costuma causar dor.
É importante assinalar que algumas pessoas com Herpes Genital não sabem reconhecer nem identificar os sinais dessa infecção e, portanto, podem ser portadoras mas nem saber que têm a doença.

Recaídas

Quase mais importante que a primeira infecção por Herpes Simples são as recaídas (recidivas) que, praticamente, todos pacientes estão sujeitas. Assim sendo, depois do primeiro episódio o mais comum é o vírus torna-se inativo e, portanto, não provoca mais infecção nem prejuízo. Mas, ele costuma ser reativado de tempos em tempos, reaparecendo os sinais e sintomas da doença.
Em geral, a recidiva é menos dolorosa que o primeiro surto. Pouco antes de sua ocorrência o paciente pode referir coceira (prurido), irritação ou maior sensibilidade na região onde habitualmente aparecem as lesões. Os sinais e sintomas que antecedem o aparecimento dos surtos são denominados pródromos.
Esses pródromos que antecedem o desencadear de uma nova lesão e quando a pessoa pode sentir uma sensibilidade maior numa determinada parte do corpo é benéfica, na medida em que o paciente pode iniciar o tratamento precoce para reduzir o tempo das lesões. É interessante assinalar que a recidiva também pode não causar nenhum sintoma. Felizmente as crises tendem a ser menos freqüentes e menos intensas com o decorrer do tempo.
As situações que podem provocar o reaparecimento do Herpes costumam ser vários, tanto fatores ambientais quanto individuais. Podem desencadear um novo episódio de Herpes fatores tais como, por exemplo, o excesso de calor, a fricção continuada da região da pele, a fadiga, menstruação, durante estados gripais, fadiga, exposição intensa ao sol ou ao frio intenso e, principalmente, durante transtornos emocionais e estresse. Entretanto, estes fatores desencadeantes podem variar de indivíduo a indivíduo.
De qualquer forma, é importante que a pessoa que tem Herpes aprenda a reconhecer quais os fatores que podem desencadear uma recidiva e tome todas as precauções possíveis para evitar estes estímulos, mantendo, assim, o vírus em estado inativo e a doença em remissão.
O surgimento do Herpes pode significar que a pessoa esteja passando por um momento de medo, ansiedade, raiva, frustração, depressão e até mesmo pânico e vergonha. A única atitude correta nesta fase é procurar um dermatologista e, preferentemente, um tratamento emocional.

A Transmissão

O Herpes Genital é geralmente transmitido através de contato sexual. Portanto, toda pessoal sexualmente ativa corre o risco de infectar-se com o vírus. É importante saber que, quando uma pessoa teve ou tem herpes genital, ela pode disseminar ou propagar o vírus e infectar seu parceiro sexual, mesmo sem apresentar sinais de infecção ativa.
Existem circunstâncias que aumentam a probabilidade de se adquirir herpes. A existência de vários parceiros sexuais e o início precoce da atividade sexual na adolescência são fatores de risco para a contaminação.

Tratamento

O Herpes Simples Genital ou Labial não tem cura. Uma vez infectada, a pessoa abrigará o vírus pelo resto de sua vida. No corpo, o vírus do herpes permanece nas células nervosas, onde fica em um estado de repouso, isto é, inativo. Quando é ativado, ocorre recidiva, com formação de vesículas, que geralmente aparecem no mesmo local.
Como ainda não há cura, o tratamento atual se restringe ao alívio dos sintomas e à tentativa de redução da freqüência e duração das crises. Por isso, é fundamental que a pessoa que apresente evidências da doença procure um médico logo no início da primeira crise e converse com ele sobre as opções de tratamento.
Os medicamentos específicos contra o vírus são chamados agentes antivirais e os anti-herpéticos disponíveis, quando empregados corretamente, são capazes de destruir o vírus no interior das células infectadas sem prejudicar as células normais.
A escolha do melhor medicamento deverá ser feita exclusivamente pelo médico, entretanto, atualmente o antiviral aciclovir tem sido a droga de escolha no tratamento do Herpes Simples. O aciclovir inibe, especificamente, a replicação do DNA do vírus do Herpes. A dose preconizada na primoinfecção benigna é de 1g/dia, fracionada em cinco tomadas. O tempo de tratamento pode estender-se por período de até 10 dias.
O uso endovenoso do aciclovir, na dose de 10mg/kg/dose administrada de 8 em 8 horas, está indicado nos casos de primoinfecção grave que pode acometer os olhos e mesmo as meninges ou cérebro. O uso tópico do aciclovir (cremes e pomadas) apresenta poucas vantagens em relação ao placebo (fonte: Omar Lupi, Herpes Simples, An bras Dermatol, Rio de Janeiro, 75(3):261-275, maio/jun. 2000).
Herpes Zoster         Herpes Simples  

Herpes Zoster e Simples (veja no final)

Nos anos de 1960, algumas observações psicossomáticas foram feitas em relação às alterações emocionais que surgiam no início e durante o curso das doenças autoimunes, principalmente em relação à Artrite Reumatóide, ao Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) à Doença de Graves, que é um tipo tireoidite, entre outras patologias.
Tentava-se, nessa época, avaliar a força dos elementos emocionais no desenvolvimento de algumas doenças. Uma das observações mais intrigantes, talvez tenha sido o fato dos parentes saudáveis de pacientes com Artrite Reumatóide também apresentarem uma sorologia características de anticorpo dessa doença (o fator reumatóide ou Anti-imunoglobulina G), mas, apesar disso e por possuírem capacidade superior de adaptação psicológica à vida, esses parentes não apresentavam a doença. Esse fato sugere que o bem-estar psicológico pode ter uma influência protetora, até mesmo contra uma predisposição genética (Solomon, 1964).
De fato, os clínicos mais sensíveis e observadores têm conhecido as alterações emocionais que alguns pacientes apresentam no começo e no curso de determinadas doenças. Por conta disso, Sir Wiliam Osler dizia, com relação ao prognóstico da tuberculose pulmonar, ser tão importante conhecer o que está se passando na cabeça do paciente, quanto o que está se passando em seu peito.
Ainda em relação à tuberculose, na década de 1950, o célebre fisiologista britânico George Day, dizia que o problema de adaptação é muito evidente nos 18 a 24 meses anteriores ao surgimento dessa doença.
Em 1985 sai o primeiro trabalho sobre o hipotálamo e a evidência direta da modulação neurológica da imunidade (Guillemim). Os neurônios do hipotálamo disparam de maneira seqüencial depois da administração de um antígeno (corpo estranho) ao organismo. E o eixo Hipotálamo-Hipófise-Suprarenal se ativa por esse antígeno e por toxinas elaboradas por células pró-inflamatórias (cito-toxinas), num estado semelhante ao estresse (para entender melhor veja Supra-renais e Estresse, na seção Psicossomática).
Também se sabe que órgãos imunes, como é o timo, o baço e a medula óssea, recebem inervação do Sistema Nervoso Autônomo, mais precisamente, de sua porção simpática, havendo sinapses nas uniões entre os terminais nervosos simpáticos e as células munológicas. Portanto, a imunidade se regula cerebralmente, havendo maior influência do córtex cerebral esquerdo na maturação e na função de Linfócitos T, as células imunológicas por excelência.
Algumas alterações emocionais podem surgir no início e durante o curso de muitas doenças autoimunes. Essas alterações podem incluir forte tensão, sentimentos de insegurança, retraimento social, dificuldade para expressar sentimentos e sensibilidade afetiva muito aumentada.
Psicologicamente, pode haver perda da adaptação ou, melhor dizendo, perda da habilidade para atitudes que antes eram eficazes na adaptação. Solomon (1981) estudou essas alterações particularmente na Artrite Reumatóide, uma doença autoimune. Essas alterações emocionais também já tinham sido observadas em relação a outras doenças auto-imunes, como no Lúpus Eritematoso Sistêmico, por exemplo (Fessel).
Com respeito às alergias, alguns trabalhos da década de 1990 têm constatado que o estresse, a ansiedade e a depressão, retardam significativamente a atividade dos Linfócitos T, proporcionando hipersensibilidades, dermatites e asma (Paciant, Gil, Djuric). Para entender melhor veja Alergia e Emoção na seção Psicossomática.


No Câncer
A Psiconeuroimunologia do câncer tem sido uma área continuadamente estudada, sempre procurando esclarecer as relações entre as emoções e a vulnerabilidade à essa doença, bem como à ocorrência e agravamento das metástases.
A agressividade e malignidade entre tipos diversos de câncer é variável, conseqüentemente, varia também a habilidade de Sistema Imunológico em resistir a determinados tipos específicos desses cânceres (Lewis). A imunoterapia está ganhando atenção, particularmente para o tratamento de melanomas, linfomas e câncer da mama. As "toxinas de Cooley" tinham pouca eficácia antes de advento da quimioterapia, agora já são conhecidas como poderosos estimulantes imunológicos.
Célula Natural Killer - NK   O Sistema Imunológico é o responsável pela vigilância do organismo contra a proliferação de células cancerígenas. Algumas células do Sistema Imunológico são destinadas a destruir essas células anômalas que poderiam transformar-se em câncer e que nosso organismo, em seu estado natural, está sujeito à produzir esporadicamente. Entre essas células vigilantes estão as Células NK (Natural Killer).
Muitos estudos experimentais e clínicos em humanos e em animais têm mostrado que as Células NK, importantíssimas na vigilância contra as células neoplásicas e na prevenção de metástases de câncer, podem ser sensíveis à influência de fatores estressores e psicossociais. Constata-se, cada vez mais, que o estresse pode aumentar substancialmente a extensão e a probabilidade de metástases em câncer de mama em ratas devido à supressão da função das Células NK (Ben-Eliyahu).
Um estudo de intervenção psicoterapêutica em pacientes com câncer de pele (melanoma) foi realizado há muito tempo por Fawsy (1993). Comparou-se um grupo pacientes com melanoma maligno e que participaram de um grupo de atenção psiquiátrica durante seis meses, com um grupo controle, composto de pacientes portadores da mesma doença mas sem acompanhamento psicoterápico.
Os pacientes com melanoma maligno e participantes do grupo psiquiátrico, mostraram menos dor e maior atividade das Células NK que o grupo controle, de pacientes com esse mesmo quadro mas não participantes do programa de atenção psicoterapêutica. Os pacientes do programa de atenção psicoterapêutica mostraram ainda menos recorrência e metástases, além de uma sobrevida maior que seis anos. Veja Câncer e Emoção na seção Psicossomática.
Imunidade e Doença Mental

As diferenças individuais no comportamento, nos estilos pessoais de enfrentamento dos conflitos, nos traços de personalidade e psicológicos podem acompanhar diferentes características imunológicas. Amkraut, em 1972, percebeu que ratos dotados de maior comportamento de luta espontânea mostravam maior resistência imunológica à indução de vírus tumorais. Kamen-Siegel constatou em idosos que um estilo pessimista em relação à vida se correlacionava com baixa imunidade.
De um modo geral, as anormalidades imunológicas que ocorrem junto com transtornos psicoemocionais devem ser dividido em dois grupos; aquelas associadas às desordens afetivas e aquelas associadas à esquizofrenia. Aparentemente, no caso das desordens afetivas (depressão) a baixa imunidade apareceria como conseqüência e, no caso da esquizofrenia, como causa ou comorbidade. De qualquer forma, a constatação da contribuição de processos imunológicos em doenças mentais e vice-versa é muito problemática.
Não obstante, desde a década de 1980, tem-se documentado muito bem alguns elementos importantes entre funções imunológicas e depressão (Miller). Em casos de estados depressivos mais graves, a função dos Linfócitos T declina de uma forma idade-dependente. Isso significa que pessoas jovens e com testes psicológicos sugestivos de depressão não tiveram déficit no funcionamento de células T mas, pessoas mais velhas e com os mesmo resultados nesses testes para depressão, sofrem diminuição significativa da imunidade (idade-dependente).
A reativação de vírus latentes também pode ocorrer na depressão. Essas experiências forma mais comumente constatadas com o vírus do Herpes Simples. A depressão não é associada apenas à diminuição ou supressão da imunidade, mas também com sinais de ativação alterada do Sistema Imunológico. Essas alterações são o que ocorre nas chamadas Doenças  Autoimunes. Também se constata que os tratamentos efetivos para a depressão costumam ser acompanhados, gradualmente, do retorno da normalidade imunológica.
Quanto às anormalidades imunológicas que se tem encontrado em pacientes com esquizofrenia, a situação é bastante ampla e diferente do que acontece na depressão. Alguns autores até chegaram a questionar se a esquizofrenia não poderia ser uma doença autoimune (Henneberg).
Também tem havido várias opiniões sobre evidências da esquizofrenia ter uma origem viral ou pós-viral, o que faria com que ela tivesse uma forte influência imunológica. Na esquizofrenia haveria uma alteração nos níveis de um tipo de imunoglobulinas, constatáveis no soro e no líquido cefalorraquidiano dos pacientes (Kurstak). Mas essas informações são polêmicas e pouco coerentes.
Muito polêmico também tem sido o conceito da esquizofrenia como uma doença autoimune. Essa idéia se baseia em numerosos informes de anticorpos anticerebrais na sorologia de pacientes com esquizofrenia. Tais estudos foram iniciados há tempos por Fessel (1965), cuja iniciativa consistia em tentar reproduzir sintomas de esquizofrenia pela administração de injeções de imunoglobulinas de pacientes esquizofrênicos em macacos.
Apesar da predisposição genética e psicológica como fatores estimulantes da esquizofrenia, alguns trabalhos têm insistido na patologia imunológica dos neuroreceptores e neurotransmissores, ambos da serotonina e dopamina. Anticorpos poderiam atuar bloqueando ou estimulando esses receptores ou os próprios neurotransmissores, tal como ocorre nos casos de Miastenia Grave e da Doença de Graves, respectivamente. Na esquizofrenia postulava-se que um anticorpo poderia atuar como agonista do neurotransmissor dopamina (Tachibana).
Hirata-Hibi (1993) observou anormalidades morfológicas em linfócitos de muitos pacientes com esquizofrenia, particularmente naqueles com os chamados Sintomas Negativos da Esquizofrenia, além da constatação dessas alterações celulares em alguns membros de suas famílias.

Na Atividade Cerebral

O Sistema Imunológico afeta o cérebro e a conduta, sobretudo devido aos efeitos imunes das citocinas no Sistema Nervoso Central (Ransohoff). Ainda que as citocinas sejam moléculas relativamente grandes, particularmente a chamada Interleucina-1 (IL-1), elas podem cruzar a barreira hemato-encefálica. Essa IL-1 também é produzida no cérebro, não só pela microglia, que são os macrófagos residentes no Sistema Nervoso Central, senão também pelos astrócitos. A IL-1 periférica pode afetar o cérebro, incluindo a produção de citocinas através do estimulo de fibras aferentes de nervo vago.
Existem receptores de citocinas no cérebro, incluindo para a IL-1, IL-8 e Interferon, ambos nas células gliais e nos neurônios. As citocinas têm importante papel no desenvolvimento e regeneração dos oligodendrócitos na produção de mielina. As citocinas também são ligadas ao desenvolvimento da esclerose, dos gliomas, das demências associadas ao HIV, das lesões no cérebro e, provavelmente, da Doença de Alzheimer.
As citocinas pró-inflamatórias, particularmente IL-1 e o Fator de Necrose Tumoral (FNT) são responsáveis pela ocorrência da febre, do sono, da anorexia e da fatiga na doença. Daí, talvez, a grande prostração que pacientes dessas doenças experimentam.
O uso terapêutico de citocinas, particularmente do Interferon, pode produzir sintomas psiquiátricos, tais como psicopatias e estados alterados de ânimo, tipo afetivo ou ansioso. O estado de ânimo depressivo, com desesperança e desamparo é associado ao declive rápido de e Células T-CD4.
As relações entre o cérebro e a conduta se ilustram bem pela investigação substancial da influência de fatores psicossociais no curso da AIDS, Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (Nott).

No Estresse

Os experimentos relacionando imunidade e estresse em animais foram, sem dúvida, a porta de entrada para a Psiconeuroimunologia. Eles datam da década de 1930 e foram iniciados pelo canadense Hans Selye. Esse tema de investigação científica dispõe, portanto, de uma muito extensa bibliografia. Tipo de estresse, duração e intensidade do estímulo aversivo, administração de antígenos, etc, são todos temas muito relevantes para a Psiconeuroimunologia.
O fato de o apoio social ser um importantíssimo modificador dos efeitos deletérios do estresse em experiências com primatas pode sugerir a importância do apoio ambiental na saúde da pessoa estressada. Quando o tipo de resposta do indivíduo ao estresse se caracteriza por uma postura de derrota e pessimismo, o Sistema Imunológico corre sérios riscos.
O estresse agudo em humanos, cuja fisiologia é semelhante às reações de luta que se vê no reino animal, geralmente aumenta o numero e a atividade das Células NK. Porém isso só ocorre numa primeira fase dessa atitude de defesa (Coe, 1987 e Nallibof, 1991).
O estresse da vida cotidiana, principalmente nas situações mais exaustivas, tensas e crônicas, pode afetar uma série elementos imunológicos. Entre essas alterações estão as funções de Células T, a atividade de Células NK, a resposta de anticorpos, a função dos macrófagos, a reativação de vírus latentes (como o Herpes Simples), entre outras, com severas implicações na saúde global da pessoa (Glaser). As relações entre o estresse e infecções são bastante antigas e, inúmeras vezes, constatados por trabalhos experimentais, alguns bastante rigorosos (Friedmam).
Segundo Cohem (1991), existe uma grande variedade de vírus intranasais capazes de desenvolver alterações imunológicas, tanto através da produção de anticorpos, quanto de infecções, como uma forma de resposta aos aumentos no grau de tensão psicológica. Cada vez mais trabalhos científicos confirmam efeitos danosos do estresse sobre infecções virais e bacterianas.
Também os hormônios respondem ao estresse, incluindo a adrenalina, os corticoesteróides e as catecolaminas. Esses hormônios têm variadíssimos efeitos na regulação da resposta imune (Buckingham). Em níveis anormais, altos ou baixos, os hormônios afetam a imunidade.

A atividade intergrada entre o Hipotálamo, a Hipófise e as glândulas Suprarenais, conhecido por Eixo Hipotálamo-Hipófise-Suprarenal, é ativado por eventos psicológicos, regulando assim a secreção de hormônios produzidos na Hipófise e destinados às Suprarenais, como é o caso da corticotrofina (CRF) e do hormônio adrenocorticotrofico (ACTH). Esses, por sua vez, terão efeitos diretos na imunidade.
O hormônio do crescimento, também estimulado por eventos psíquicos, pode aumentar as funções dos Linfócitos T e NK em animais de experiência. Os hormônios sexuais também afetam a imunidade. A atividade da Célula NK é mais alta na fase lútea de ciclo menstrual e é também estimulada pelos hormônios da tireóide.
A Psiconeuroimunologia está, assim, se desenvolvendo a passos largos, colaborando fortemente para apagar o incômodo dualismo ainda presente na medicina, o qual separa hermeticamente a mente do corpo.
A Psiconeuroimunologia contribui para que os pacientes possam compreender que seu corpo é uma somatória integrada e indissolúvel do mental com o orgânico, influenciado significativamente pela experiência de vida e por sua própria sensibilidade. Finalmente, a Psiconeuroimunologia não só deve contribuir solidamente para a compreensão da fisiopatologia médica como da visão holística da medicina.

Ballone GJ, Psiconeuroimunologia 1 - Emoção e Imunidade, in. PsiqWeb, Internet, disponível em psiqweb.med.br , revisto em 2007.

Este artigo é baseado predominentemente em:
George F. Solomon - Psiconeuroinmunología: sinopsis de su historia, evidencia y consecuencias - 2001, (Psychoneuroimmunology: synopsis of its history, classes of evidence and their implications), disponível em
www.psiquiatria.com/interpsiquis2001/2713
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