As Compulsões Sexuais: uma visão psicanalítica
Publicado por Patricia em 25/2/09 (1246 leituras)
José Del-Fraro Filho
Psiquiatra, Psicanalista
Algumas pessoas se sentem aprisionadas, formando um círculo vicioso, em seus comportamentos sexuais. Sentem que quanto mais sexo faz, mais necessitam dele. São os adictos ao sexo, semelhantes aos adictos às drogas, alimentos e bebidas.
O sexo nesses casos não parte de um desejo, mas de uma necessidade. Desfigura-se seu sentido de símbolo de amor e mistério. A doença vem assolando um número cada vez maior de pessoas. A pós-modernidade, com seu afrouxamento de laços afetivos, familiares, violência urbana, desemprego, culto ao corpo e à imagem, hipervalorização do prazer e dos sentidos, imediatismo e materialismo, muito contribui para tal situação.
Porém, para a Psicanálise, outras raízes desse complexo distúrbio estão na infância da pessoa envolvida. Todas as crianças apresentam uma “disposição polimórfica perversa” (Freud) ou seja: não apresentam a sexualidade integrada, madura. São os cuidados maternos, paternos e os valores, os principais veículos para essa integração afetiva e sexual.
A psicanálise pode atingir essas raízes inconscientes do sujeito compulsivo. A compulsão é uma das formas dos adultos encenarem experiências de desamparo e privação, vivenciadas na infância. Há uma criança aflita escondida no interior do adulto compulsivo. E este, enquanto está mergulhado no seu vício, não consegue perceber e nomear esse desamparo. A sexualidade é usada, nesses casos, como uma forma de se defender de poderosas angústias, perda de identidade, depressões e até mesmo de um colapso psicótico. A compulsão é um mecanismo, uma tentativa de encontrar uma intimidade com o outro e permite “a ilusão de fusão com o objeto desejado, com suspensão momentânea de vergonha e culpa, intensidade orgástica, mas com a secreta garantia de não estar envolvido(a) genuinamente”. (Masud Khan, psicanalista da escola inglesa).
Esses sujeitos em suas infâncias não tiveram a oportunidade de um bom contato emocional com os outros significativos daquela época e tudo isso precisa ser revivido e trabalhado em um tratamento. Além disso, muito da agressividade e traumas como desaparecimento súbito de um genitor por abandono ou morte, experiências de hospitalização por graves doenças, além de abusos sexuais reais, vividos na infância, tentam se expressar através das compulsões. Ele (a) usa o mecanismo de erotizar sua destrutividade, obtendo triunfo e gozo fugazes em relação a ela. Esse é um dos principais motivos na dificuldade de remover a compulsão.
É preciso que os dependentes sexuais encontrem na vida pessoas significativas, éticas, amorosas, que os ajudem refazer seu mundo interno. Quanto mais insistirem nessas vias compulsivas, mais mobilizarão seus cérebros, suas sinapses, seus neurotransmissores a sentirem falta desse vício.
Os grupos de auto-ajuda também são de grande valia na reconstrução de seus mundos. Eles ajudam a relativizar o sofrimento e perceber que outros vivem situações semelhantes. As pessoas reunidas encontram compreensão e apoio mútuos. Com humildade se colocam nas mãos de Deus (Jesus veio principalmente para os enfermos) e se esforçam, dia após dia, a cada segundo, em não mais se escravizarem nessas condutas. Só o amor mitiga a destrutividade!
Psiquiatra, Psicanalista
Algumas pessoas se sentem aprisionadas, formando um círculo vicioso, em seus comportamentos sexuais. Sentem que quanto mais sexo faz, mais necessitam dele. São os adictos ao sexo, semelhantes aos adictos às drogas, alimentos e bebidas.
O sexo nesses casos não parte de um desejo, mas de uma necessidade. Desfigura-se seu sentido de símbolo de amor e mistério. A doença vem assolando um número cada vez maior de pessoas. A pós-modernidade, com seu afrouxamento de laços afetivos, familiares, violência urbana, desemprego, culto ao corpo e à imagem, hipervalorização do prazer e dos sentidos, imediatismo e materialismo, muito contribui para tal situação.
Porém, para a Psicanálise, outras raízes desse complexo distúrbio estão na infância da pessoa envolvida. Todas as crianças apresentam uma “disposição polimórfica perversa” (Freud) ou seja: não apresentam a sexualidade integrada, madura. São os cuidados maternos, paternos e os valores, os principais veículos para essa integração afetiva e sexual.
A psicanálise pode atingir essas raízes inconscientes do sujeito compulsivo. A compulsão é uma das formas dos adultos encenarem experiências de desamparo e privação, vivenciadas na infância. Há uma criança aflita escondida no interior do adulto compulsivo. E este, enquanto está mergulhado no seu vício, não consegue perceber e nomear esse desamparo. A sexualidade é usada, nesses casos, como uma forma de se defender de poderosas angústias, perda de identidade, depressões e até mesmo de um colapso psicótico. A compulsão é um mecanismo, uma tentativa de encontrar uma intimidade com o outro e permite “a ilusão de fusão com o objeto desejado, com suspensão momentânea de vergonha e culpa, intensidade orgástica, mas com a secreta garantia de não estar envolvido(a) genuinamente”. (Masud Khan, psicanalista da escola inglesa).
Esses sujeitos em suas infâncias não tiveram a oportunidade de um bom contato emocional com os outros significativos daquela época e tudo isso precisa ser revivido e trabalhado em um tratamento. Além disso, muito da agressividade e traumas como desaparecimento súbito de um genitor por abandono ou morte, experiências de hospitalização por graves doenças, além de abusos sexuais reais, vividos na infância, tentam se expressar através das compulsões. Ele (a) usa o mecanismo de erotizar sua destrutividade, obtendo triunfo e gozo fugazes em relação a ela. Esse é um dos principais motivos na dificuldade de remover a compulsão.
É preciso que os dependentes sexuais encontrem na vida pessoas significativas, éticas, amorosas, que os ajudem refazer seu mundo interno. Quanto mais insistirem nessas vias compulsivas, mais mobilizarão seus cérebros, suas sinapses, seus neurotransmissores a sentirem falta desse vício.
Os grupos de auto-ajuda também são de grande valia na reconstrução de seus mundos. Eles ajudam a relativizar o sofrimento e perceber que outros vivem situações semelhantes. As pessoas reunidas encontram compreensão e apoio mútuos. Com humildade se colocam nas mãos de Deus (Jesus veio principalmente para os enfermos) e se esforçam, dia após dia, a cada segundo, em não mais se escravizarem nessas condutas. Só o amor mitiga a destrutividade!
José Del-Fraro Filho, Psicanalista.
E-mail: clinicafraro@planetarium.com.br
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