Diabetes e câimbra: O que tem a ver?
Muitas pessoas já sentiram aquele desconfortável tremor dos músculos que dificulta nossos movimentos, a famosa câimbra. Os portadores de diabetes passam por isso com mais frequência que a população geral. O neurologista Leandro Teles explica o motivo: "A causa para tal associação não é completamente conhecida, mas estima-se que tenha a ver com episódios de hiperglicemia, alteração em eletrólitos com o sódio, o cálcio, o potássio ou o magnésio, além de problemas nos nervos periféricos e nos vasos".
Estima-se que o excesso de glicose circulante possa causar aumento da osmolaridade, ou seja, aumento da pressão do açúcar nos vasos, e facilitar a desidratação tecidual. "O músculo desidratado está mais sujeito a contrações espontâneas e dolorosas. O desequilíbrio do sódio, magnésio e potássio podem ter alguma participação em casos isolados", explica o médico.
A câimbra é um movimento involuntário caracterizado pela contração intensa de um ou mais músculos. A maioria das pessoas sofre com ela na hora de dormir. Isso acontece porque à noite o músculo está desgastado de um dia de atividades. O doutor Leandro especifica o que acontece: "O músculo cansado apresenta uma série de alterações metabólicas locais que favorecem a ocorrência de câimbras, como acidose láctica, inflamação, alteração no grau de hidratação, entre outras".
Normalmente essa câimbra noturna é sentida por idosos, mas as pessoas com diabetes e problemas circulatórios também sofrem com os puxões frequentes e severos constantemente.
Na maioria das vezes, não existe relação com a falta de potássio, como muito se fala. "Geralmente ele não está alterado. Mas em casos específicos, principalmente no contexto do uso de diuréticos, essa relação pode ser sim importante", ressalta o médico Leandro Teles.
Quem faz exercício físico está mais propenso às câimbras porque a atividade muscular excessiva causa inflamação local, ativa o metabolismo anaeróbio, gerando acúmulo de acido láctico, elevação da temperatura local e causando desidratação muscular.
O neurologista conta o que a pessoa com diabetes deve fazer quando tem um desses episódios de câimbra: "O ideal é tentar alongar passivamente o músculo e manter o alongamento por um tempo. Checar a glicerina capilar e manter uma boa hidratação".
Alcoolismo, distúrbios da tireoide, gravidez, alteração renal, medicamentos e anemia são alguns dos fatores facilitadores de câimbras. O especialista faz algumas recomendações para se livrar dessas incontroláveis e persistentes dores: "Evitar atividade extenuante, principalmente no contexto do sedentarismo. Realizar alongamento e aquecimento antes das atividades. Manter uma boa hidratação durante o dia-a-dia. Atentar pra medicamentos que possam desencadear o problema (principalmente diuréticos). Controlar a glicemia e as complicações como neuropatia e vasculopatia periférica".
A ocorrência de câimbras tem vários determinantes, por vezes mais de um no mesmo paciente. "É fundamental ampliar o conceito de que tudo é problema de potássio e que temos que comer bananas para melhorar. É importante conhecer os desencadeantes e o contexto de ocorrência da câimbra assim como os fatores de melhora e prevenção para cada paciente", finaliza o neurologista Leandro Teles.
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