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segunda-feira, 3 de junho de 2013

FOBIA

FOBIA

al. Phobie; esp. fobia; fr. phobie; ing. phobia 

          Termo derivado do grego phobos e utilizado na língua francesa como sufixo, para designar o pavor de um sujeito* em relação a um objeto, um ser vivo ou uma situação.

         Tal como utilizado em psiquiatria por volta de 1870, como substantivo, o termo designa uma neurose* cujo sintoma central é o pavor contínuo e imotivado que afeta o sujeito, frente a um ser vivo,  um objeto ou uma situação que, em si mesmos, não apresentam nenhum perigo real.
        Em psicanálise*, a fobia é um sintoma, e não uma neurose, donde a utilização da expressão histeria* de angústia em lugar da palavra fobia.
        Introduzida por Wilhelm Stekel* em 1908 e retomada por Sigmund Freud*, a histeria de angústia é uma neurose de tipo histérico, que converte uma angústia num terror imotivado, frente a um objeto,
um ser vivo ou uma situação que não apresentam em si nenhum perigo real.
        Entre os sucessores de Freud, a palavra tende a se superpor à idéia de histeria de angústia. Conhe cida desde a noite dos tempos, a repulsa que atinge certos indivíduos em algumas situações particulares tem suscitado numerosos comentários. Para conjurar o medo no combate, os gregos divinizaram Fobos e os guerreiros o honravam antes de partir para a guerra. Se esse pavor remetia a um perigo bastante real, que o século XX reencontraria com as neuroses de guerra*, as doenças do medo foram tratadas, no Ocidente, pelos remédios tradicionais: ervas e poções mágicas, colares de alho, crimes rituais, confecção de amuletos etc. Algumas doenças não identificadas, como a hepatite, por exemplo, chamada de icterícia, entraram durante muito tempo na categoria das afecções causadas
pelo pavor. Supunha-se, de fato, que o doente mudava de cor sob o efeito de um medo interno ou externo, em geral ligado a uma manifestação diabólica ou divina. Continuam a ser numerosas as superstições que exprimem a angústia, como o medo do número 13, por exemplo.
          Assim, identificaram-se dezenas de doenças do medo, dentre as quais algumas se tornaram céle bres; a hidrofobia (medo da água), a agorafobia (medo de lugares públicos), a claustrofobia (medo de lugares fechados) etc. No cerne desse universo do medo, são as representações da animalidade, na maioria das vezes, que revelam a essência da fobia. Desde os afrescos infernais de Hieronymus Bosch (1450-1516) até a Metamorfose de Franz Kafka (1883-1924), passando pelo Drácula do escritor irlandês Bram (Abraham) Stocker (1847-1912), exprime-se o pavor da transição do humano para o animal, do anjo para o demônio, da alma para o corpo. O evolucionismo darwiniano daria uma consistência científica a essa fantasia*, como sublinhou Freud em Totem e tabu*, apoiando-se no caso do pequeno Arpad, o menino analisado por Sandor Ferenczi* em razão de sua fobia dos galos.
          Foi a retirada do terror do universo do pensamento religioso que permitiu ao saber psiquiátrico do fim do século XIX fazer da fobia uma verdadeira entidade nosográfica. Ao se transformar numa neurose, a fobia acedeu a um estatuto estrutural, ao passo que o bestiário, sintoma dos antigos pânicos sagrados, transformou-se sub-repticiamente num mal inelutável, que destrói a alma por dentro. Nessa configuração, o sujeito pode ser designado como fóbico, sem que o objeto de sua fobia seja identificado.
          Daí a confusão entre a angústia no sentido existencial e a fobia.
          É compreensível que Freud tenha preferido a ela a expressão histeria de angústia, inventada por Stekel: esta lhe permitiu situar a sexualidade* no centro do sintoma fóbico. Num primeiro momento, em 1894-1895, Freud constatou que os sintomas fóbicos estavam presentes em toda sorte de distúrbios neuróticos ou psicóticos, porém, mais particularmente, na neurose obsessiva* e na neurose de angústia (ou neurose atual). Eram a expressão de uma conversão da angústia em terror, em pacientes que praticavam a continência e se mostravam fanáticos com a limpeza, porque tinham horror às coisas da sexualidade.
          Depois, na análise do Pequeno Hans (Herbert Graf*), em 1909, Freud constatou que existia pelo menos uma neurose em que o sintoma fóbico era central. Designou-a pelo nome de histeria de angústia. Nesses casos, a libido* não é convertida, mas liberada sob a forma de angústia.
          Note-se que a fobia é um dos sintomas que o tratamento psicanalítico permite dominar com mais facilidade, substituindo-o pela angústia.
         Os sucessores de Freud interessaram-se muito pelas fobias infantis e, portanto, essencialmen-te, pelos terrores inspirados pelos animais. Como na arte ou na literatura, eles são quase sempre o vetor principal do sintoma fóbico e, portanto, da angústia. Aliás, encontramos seus vestígios em outros dois grandes casos freudianos: o Homem dos Lobos (Serguei Constantinovitch Pankejeff*) e o Homem dos Ratos (Ernst Lanzer*).
          Depois de Freud, entretanto, a terminologia se modificou e a fobia acabou sendo aceita menos como um sintoma do que como uma verdadeira entidade clínica. Daí o desaparecimento progressivo da expressão histeria de angústia. Se Melanie Klein* dissolveu a fobia na angústia, fazendo dela um mecanismo arcaico, integrado na posição esquizo-paranóide*, Anna Freud*, ao contrário, encarou-a como uma neurose de transferência*, na qual o objeto fobogeno torna-se símbolo de todos os perigos ligados à sexualidade, os quais é preciso repelir através de mecanismos de defesa*. Daí o surgimento de uma defesa maníaca, ou a adoção, em alguns indivíduos, de uma atitude chamada de contrafóbica. Do ponto de vista da teoria clássica (freudiana e annafreudiana), a claustrofobia deveria ser interpretada como o desejo e o medo da masturbação, e a agorafobia, como a expressão de uma fantasia de prostituição etc.
          Segundo a ótica kleiniana, a claustrofobia seria um desejo de escapar à proteção sufocante do bom objeto, enquanto a agorafobia corresponderia ao desejo de fugir de um mundo povoado de maus objetos.
          Grande clínico dos estados de terror ligados ao surgimento do real*, Jacques Lacan* foi o único autor a desenvolver uma concepção francamente estrutural da fobia em geral. Daí a idéia, em seu seminário A relação de objeto, de que o objeto da fobia seria um significante*, isto é, um elemento significativo da história do sujeito que viria mascarar sua angústia fundamental: “Para preencher algo que não pode resolver-se no nível da angústia intolerável do sujeito, este não tem outro recurso senão criar para si mesmo um tigre de papel.” Lacan comparou esse significante a letras de fogo ou “brasões da fobia”, verdadeiras paredes de papel que se tornam, para o sujeito, tão intransponíveis quanto a muralha da China. Nessa perspectiva, portanto, cabe distinguir o objeto significante (ou significante fóbico) do objeto fetiche, para mostrar que o primeiro decorre de uma sintomatologia neurótica (histeria, neurose obsessiva) e o segundo, de uma clínica da perversão*.
          Se o fetiche garante a condição absoluta de um gozo*, o significante fóbico protege contra o desaparecimento do desejo*.

• Sigmund Freud, “Obsessões e fobias: seu mecanismo
psíquico e sua etiologia” (1895), escrito em francês,
ESB, III, 89-98; GW, I, 343-53; SE, III, 69-82; OC, III,
19-29; “Análise de uma fobia em um menino de cinco
anos” (1909), ESB, X, 15-152; GW, VII, 243-377; SE,
X, 1-147; in Cinq psychanalyses, Paris, PUF, 1954,
93-198 • Bram Stocker, Dracula (Dublin, 1897), Vervier,
Marabout, 1975 • Franz Kafka, A metamorfose (1916),
S. Paulo, Companhia das Letras, 1997 • Wilhelm Stekel,
Nervöse Angstzustände und ihre Behandlung,
Viena e Berlim, Urban und Schwarzenberg, 1908, com
prefácio de Sigmund Freud reproduzido in ESB, IX,
255-6; GW, VII, 467-8; SE, IX, 250-1 • Sandor Ferenczi,
“Um pequeno homem-galo” (1913), in Psicanálise II,
Obras completas, 1913-1919 (Paris, 1970), S. Paulo,
Martins Fontes, 1992, 61-8 • Anna Freud, O ego e os
mecanismos de defesa (Londres, 1936), Rio de Janeiro,
Civilização Brasileira, 1982, 6ª ed.; “Fears, anxieties
and phobic phenomena”, Psychoanalytic Study of the
Child, 32, 1977, 85-90 • Jacques Lacan, O Seminário,
livro 4, A relação de objeto (1956-1957) (Paris, 1994),
Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1995; Escritos (Paris,
1966), Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1998 • Jean Laplanche
e Jean-Bertrand Pontalis, Vocabulário da psicanálise
(Paris, 1967), S. Paulo, Martins Fontes, 1991,
2ª ed. • Charles Rycroft, A Critical Dictionary of Psychoanalysis
(1968), Londres, Penguin Books, 1995 •
Jean Delumeau, La Peur en Occident, Paris, Fayard,
1978 • Annie Birraux, Éloge de la phobie, Paris, PUF,
1994.

➢ CASTRAÇÃO; FAIRBAIRN, RONALD; FETICHISMO; INIBIÇÕES, SINTOMAS E ANGÚSTIA; NOVAS CONFERÊNCIAS INTRODUTÓRIAS SOBRE PSICANÁLISE; OBJETO (BOM E MAU); OBJETO, RELAÇÃO DE; OBJETO (PEQUENO) a.

- Dicionário de psicanálise/Elisabeth Roudinesco, Michel Plon; tradução Vera Ribeiro, Lucy Magalhães; supervisão da edição brasileira Marco Antonio Coutinho Jorge. — Rio de Janeiro: Zahar, 1998.

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