“Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça.” Rm 12:20
Nota-se que se distraidamente alguém analisasse este versículo sem observar o contexto poderia cometer um sério erro de interpretação, pois o versículo “Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça”, aparentemente, leva-nos a acreditar que aquela que comete o ato de alimentar e tirar a sede, com quem se fala, seria a pessoa que receberia sobre a sua cabeça as brasas de fogo.
Observando criteriosamente a parte final do versículo dentro do contexto, chegamos à conclusão que as brasas de fogo são amontoadas sobre a cabeça de quem recebe o benefício. Brasas de fogo sobre a cabeça, inicialmente, é uma bênção vinda do céu que naturalmente caberia sobre a cabeça do benfeitor que estaria vencendo o mal com bem. Mas com um olhar gramatical percebemos, ainda, que o verbo “amontoarás” está relacionado à segunda pessoa do discurso, logo é esta que amontoa as brasas sobre a cabeça da terceira pessoa, neste caso marcada pelo pronome “sua” e não “tua”, ou seja, “sua” é de quem se fala e “tua” com que se fala.
O erro de interpretação levaria o leitor a entender que quem fez a benevolência receberia as bênçãos de Deus, contudo compreendemos que brasas de fogo sobre a cabeça indicam calor na cabeça, que facilmente pode ser interpretado como dor de cabeça, isto é, mal estar provocado à pessoa considerada inimiga que recebe os benefícios de uma pessoa a quem ela sempre fez o mal. Talvez este calor sobre a cabeça fosse entendido, também, como um arrependimento pelo fato de se tornar o inimigo de uma pessoa que agora está atendendo as suas mais profundas necessidades.
REGINALDO SILVA DE LYRA
Nenhum comentário:
Postar um comentário